segunda-feira, dezembro 13, 2010

"A mentira tem pernas curtas", refletiu a criança. No entanto, quão rápido correria a formiga com pernas de avestruz?

quinta-feira, dezembro 09, 2010

... E eu sou encrenca mesmo.

Meu amigo carangondê é envergonhado. Vive escondido numa concha - não gosta de ser perturbado.

segunda-feira, dezembro 06, 2010

Com uma mochila na mão e R$ 20 foi ao topo do mundo e nunca mais voltou. De estrada em estrada nada mais importa - o mundo é pequeno demais para o tamanho do universo. Descobriu que o céu é uma etapa: pessoas voam, pássaros respiram dentro d'água, peixes têm pés no chão. Perguntas e respostas foram dissociadas. Ao lado de casa mora alguém que nunca viveu, na outra parte da rua, aquele que cansou de morrer a todo instante. E o tempo? É escritor.

Dia 1° de mês nenhum: eu nasci.

Ciúme

Aquela pedra no meio do caminho, antiga e conhecida. Provoca anseios e medos. Pior, desperta calafrios inseguros que estavam guardados há tempos lá dentro. Não tem explicação ou lógica. Que merda é essa que todo mundo sente e ninguém sabe o que é?

domingo, novembro 21, 2010

As Estrelas
      
     Lá, nas celestes regiões distantes,
     No fundo melancólico da Esfera,
     Nos caminhos da eterna Primavera
     Do amor, eis as estrelas palpitantes.
      
     Quantos mistérios andarão errantes,
     Quantas almas em busca da Quimera,
     Lá, das estrelas nessa paz austera
     Soluçarão, nos altos céus radiantes. 

     Finas flores de pérolas e prata,
     Das estrelas serenas se desata
     Toda a caudal das ilusões insanas.
      
     Quem sabe, pelos tempos esquecidos,
     Se as estrelas não são os ais perdidos
     Das primitivas legiões humanas?!

Cruz e Sousa

quinta-feira, novembro 18, 2010

"A sua vista não ia além
Dos quatro muros que a enclausuravam
E ninguém via — ninguém, ninguém —
Os meigos olhos que suspiravam." (Manuel Bandeira)

Harmonia

Garçom:
— Já escolheu?
Moça:
— Uma limonada fresca por favor, sem açúcar.
Garçom:
— E para comer?
Moça:
— Um limão.

... E para combinar, um dia azedo.

domingo, outubro 10, 2010

Sem que, nem porque, o tempo gira. Quando vai parar?

segunda-feira, setembro 13, 2010

Se do sol vem a luz, de que temo? Da grama verde, assim como da chuva cinza - a que traria felicidade. Os cheiros são distantes e do paladar não me lembro. Arguo o profundo desejo de sentir-me. Tal censura me leva à reclusão, não física, mas de um mundo que me foi privado. Reflexões sem sentido fazem das minhas ideias vícios, já que há vinte e um anos não sei o que é respirar. Não sei o que é ar.

A ressalva diz respeito ao céu, que, ainda assim, é azul.

segunda-feira, julho 19, 2010

Entretanto

Certas coisas não se encaixam - como corpo e coração;

cheio de abraços e beijos, vazio de si mesmo.

Faz de ilusórias alegrias seus únicos desejos;

há quem vive do afago de quem se deve a solidão.

quinta-feira, julho 01, 2010

Com a chuva, vem o cheiro da nostalgia - os dias passam e até as mais longas noites acabam. Entre sussurros e lembranças, o perfeito fim: naquele papel antigo, uma palavra sem sentido e uma série ilegível de números clareavam a memória de um sentimento que nunca fora apagado. Os relâmpagos vieram depois e trouxeram a paz do esquecimento; o sol carregava nas costas o nascer de um novo dia.

segunda-feira, junho 14, 2010

Admirou-se do rascunho, tão perfeitas curvas que traçavam no papel um mundo mágico. Antes que ficasse pronto, a ponta do lápis quebrou; podia-se ver rabiscos inacabados nos cantos da página. Àquele menino, que achara o desenho, perturbava a ideia: seria possível um mundo feito por uma pessoa só? Há de ser o melhor — eu, amores e invenções malucas.

sábado, maio 29, 2010

A menina, sempre desastrada, passou embaixo da árvore e algumas folhas caíram em sua cabeça; acostumou-se com o azar e não se importou em retirá-las. Antes que concluísse, um pássaro cantou como se falasse: "deixe de ser tola, garota, não vê que a natureza te enfeitou?". Um pouco mais feliz, ela continuou andando e o vento se encarregou de soprar seu ego.
Ela não acreditava que estrelas pudessem cair do céu. "Estória inventada pelos românticos", pensava. No fundo ela queria que mil estrelas caíssem, para que mil pedidos fossem realizados. Na noite em que poucas delas brilhavam, uma despencou e, em seu inconsciente, ouviu: "só quero amor". Levou um susto quando notou que as estrelas cadentes só apareciam a fim de ver alguém amar. Desde então, contou que amava quando viu pela primeira vez. (Página segunda)

terça-feira, maio 18, 2010

Um "oba, lá vem ela" é fácil ouvir.

sexta-feira, maio 14, 2010

Há estrelas brancas, azuis, verdes, vermelhas.
Há estrelas-peixes, estrelas-pianos, estrelas-meninas,
Estrelas-voadoras, estrelas-flores, estrelas-sabiás,
Há estrelas que vêem, que ouvem,
Outras surdas e outras cegas.
Há muito mais estrelas que máquinas, burgueses e operários:
Quase que só há estrelas.

Murilo Mendes

quarta-feira, maio 05, 2010

Amarelo;
a cor dos meus sorrisos diários, cunfundidos com destreza;
sou canhota, amor!
É vergonha só.

É vontade de esconder,
ir aonde eu possa te ver.
Não é astúcia, não sou sagaz.
É vergonha só.

Não meto medo.
Quem me amedronta é você,
e nem eu sei o porquê (...)

sábado, maio 01, 2010

Só pelo sentimento.

"Por causa de você, bate em meu peito, baixinho, quase calado, um coração apaixonado por você (...) pois você passa e não me olha, mas eu olho pra você. Você não me diz nada, mas eu digo pra você"

Mestre Ben Jor

quarta-feira, abril 28, 2010

Ser mulher é, constantemente, sangrar.

segunda-feira, abril 26, 2010

São Longuinho, São Longuinho, se eu achar 10 reais dou três pulinhos

Alguém de fora viu o que aconteceu ali dentro, com direito aos três pulinhos do São Longuinho. A menina havia perdido as estribeiras e resolveu procurá-las; lembrou de quando era pequena e a mãe fazia as promessas para o santo, "eu posso com até mil pulinhos", repetia sempre que não conseguia encontrar o que queria. 

Três não eram suficientes, mas pagou adiantado e pulou. Ao fim do terceiro salto, antes que chegasse ao chão viu à janela alguém que observava. No susto, caiu. O maldito São Longuinho aquele dia não compareceu; não achou as estribeiras

Foi ver a quem devia a queda, não viu ninguém. "Acho que era o santo, veio rir da minha cara", pensou. Entrou e avistou no chão algo que perdera há tempos: a infância. Sorriu sozinha de contentamento — viva São Longuinho!

quarta-feira, março 17, 2010

"Siga o coelho branco", disse o sábio, "ele leva o paraíso com ele". A tartaruga passou a vida tentando alcançar o astuto coelho, mas suas patinhas não permitiam que conseguisse; seu casco pesado o mantinha quase imóvel. O coelho, há milhas de distância, detinha o paraíso que a tartaruga apenas sonhara.

Portugês sustentável

Mil? Não, mais; um milhão de palavras foram atiradas ao vento e nada se modificou, nada que fosse percebido. Algumas voaram e chegaram a ecoar, outras apenas se perderam.
Foi um desabafo, elas saíram de onde não poderiam mais ficar, e mesmo que lançadas, ainda há rastros das ideias que um dia foram. E ninguém ouviu, ninguém mais vai ouvir, porque já foram ditas, não conseguiria dizê-las novamente. Mesmo que sem querer, desperdicei sujeitos e conjunções que nunca mais estarão no mesmo período. 

- Especialistas afirmam, em menos de um século não haverá letras suficientes para dizer o que deve ser dito. Comece a poupá-las, salve o planeta, não desperdice palavras.

quarta-feira, fevereiro 10, 2010

Agenda do dia

- Pauta da voz: terminar personagens;
- Produzir pauta "Bom-humor no ambiente de trabalho";
- Ligar: Fulano;
- Ver informes para arquivar;
- Ver o tempo passar;
- As ondas do mar não envelhecem;
- Ver que o tempo passa;
- Viver o que aparece.

sábado, fevereiro 06, 2010

 

Eu gosto dela! E ainda temos o ano inteiro. =) 

quinta-feira, fevereiro 04, 2010

Vai me desculpar, mas o devaneio do doidivano me contagiou. Era aquele que ficava no sinal pedindo esmolas com o próprio esforço, eu diria um trabalho autônomo; e realizava trabalho. Ganhou a vida assim, até foi feliz por alguns momentos. Triste em outros. Morreu. Não deixou um legado e nem quem continuasse o que fazia de melhor. Descobri perguntando para Seu João, dono da padaria na esquina do sinaleiro (Brasília não tem esquinas, mas Taguatinga sim). Simplesmente morreu sem deixar nada para trás, e tem coisa melhor? Ninguém sofreu, ninguém chorou, não houve brigas por herança. Ele apenas não deixou resquícios da vida. Pobre de mim que ainda me lembrei dele e senti algo; o que não deveria, confesso. Senti vontade de sê-lo, levar tudo de mim daqui. Nunca mais fui a mesma, e nem sei o nome dele, realmente, não deixou nada de si.

sexta-feira, janeiro 22, 2010

nunca mais é muito tempo.

rebeldida (haha)

tranqüilo
tranqüilo
tranqüilo
protesto lingüístico.

segunda-feira, janeiro 18, 2010

Sou o que procura sempre se fazer compreender: não que eu compreenda acerca do mundo, mas que o mundo compreenda acerca de mim.
Perco-me entre o que eu sou e o que eu quero ser; quando eu consigo apenas não ser e fazer com que isso baste, eu sou. Recupero-me assim que alcanço o sentido de existir e deixo os pensamentos da alma escondidos de mim mesma, e escondo-os agora num íntimo que é privado até de mim.

na íntegra.
Na vida, sinceramente:
um pé atrás,
outro à frente.

quinta-feira, janeiro 07, 2010

Não vou falar do que
― já disse ― não falo.
(Mas o pessoal é meio bacanal).